domingo, 21 de novembro de 2010

Unidade Plástica versus Unidade Prática: a Unanimidade sem Cristo também é possível

Neste texto serão abordados dois assuntos distintos, mas correlacionados, e ao mesmo tempo de compreensão equivocada para muitos santos: A Unidade e a Unanimidade. Esta comunhão tem por objetivo demonstrar que a Unidade/Unanimidade pode ser Prática na medida em que realmente somos inclusivos conforme Rm 14 (acolher os santos) ou pode ser Plástica, quer dizer, estilizada! Tão somente preocupada com a forma exterior da igreja para se auferir a realidade interior do Corpo de Cristo.

Na bíblia são mencionados dois tipos de Unidade: A Unidade do Espírito e a Unidade da Fé. O Senhor nos vincula na Unidade do Espírito através do processo de salvação, e conforme Ef 4:3 que diz: "Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz", pois a Unidade já existe e só precisa ser preservada! Todavia, precisamos prosseguir para sermos unidos de alma “São inteiramente unidos na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1 Co 1:10). A Unanimidade de Fp 1:1-2 é resultado da comunhão do Espírito, e é esta comunhão que devemos procurar viver diariamente. O pensar a mesma coisa seja na obra ou na igreja deve ser pensar Cristo, e não necessariamente pensar a mesma coisa em relação a questões seculares ou mesmo aquelas que julgamos serem espirituais. Mas tão somente pensar Cristo! As notas da Versão Restauração podem ajudar bastante sobre este ponto. Ocorre que o zelo pelas questões espirituais motiva muitas vezes os santos a acharem que a unanimidade se tratar de pensar as mesmas coisas quase que de maneira literal, ou seja, é gerado uma preocupação com a forma como se dever praticar a vida da igreja, e não significa necessariamente isto! É neste ponto que precisamos praticar mais ainda a inclusividade acolhendo os santos para crescermos até chegarmos a unidade da fé em Ef 4:13 “até que todos cheguemos à unidade da fé (...)”.

Somos muito diferentes uns dos outros, viemos de culturas diferentes (mesmo sendo brasileiros), formações diferentes e percepções da realidade a nossa volta bem diferentes, e muitas vezes crenças diferentes. Esta questão relacionado a crenças podem incluir as questão referentes aos dogmas, onde qualquer proposta de revisão ou reconsideração de certos ensinamentos ou práticas não é possível nem de ser mencionado. Este último não se aplica a pontos em que a defesa do evangelho (Fl 1:16) deve estar presente, ou seja, os elementos inerentes a peculiaridade escritural:1) Que a Bíblia é a palavra de Deus (2 Pe 1:21; 2Tm 3:16); 2) Que Deus é somente um e triúno (Mt 3:16-17; 28:19, 2 Co 13:14; Ef 2:18; 3:14-17; Ap 1:4-5); 3) Que Cristo é Deus na eternidade (Jo 1:1) e tornou-se carne (Jo 1:14), sendo ao mesmo tempo divino e humano (Jo 20:28; Rm 09:05, Jo 19:05; 1 Tm. 2:5); 4) Que os pecadores podem se arrepender e crer no Senhor Jesus para terem os seus pecados perdoados, para a redenção, para a justificação, e para a regeneração a fim de terem a vida eterna em Cristo Jesus para tornarem-se filhos de Deus e membros, que é a nossa salvação pela fé. 5) No que tange a Obra de Cristo, que “Cristo tornou-se primeiramente um homem através da encarnação (Jo 1:14) e morreu na cruz para nossa redenção (1 Pe 2:24; Ap 5:9). Então, Ele ressuscitou dos mortos para a nossa regeneração (1 Pe 1:3), ascendeu aos céus para ser o Senhor de todos (Atos 2:33, 36; 10:36), e vai voltar como Noivo para a Igreja (Jo 3:29; Ap 19:07) e o Rei dos reis para todas as nações (Ap 19:16). Estes são os principais aspectos da obra de Cristo. Estes aspectos incluem Sua encarnação, Sua crucificação, ressurreição, Sua ascensão e Sua volta. Nenhum cristão genuíno tem qualquer argumento sobre estes aspectos da obra de Cristo” (Livro: A Peculiaridade, A Generalidade e o Sentido Prático da Vida da Igreja, W. Lee. Tradução livre). 6) Que a igreja é a manifestação de Deus na carne, e composta por todos os crentes genuínos formando assim o único Corpo universal de Cristo (Ef 1:22-23, 4:4; Cl 1:24); e que se expressa localmente nas cidades (Ap 1:11). Destes 6 (seis) itens realmente não podemos abrir mão, e são os elementos básico para uma vida Cristã e da vida da igreja saudável, e o que passar disto são questões gerais que podemos viver a vida da igreja sem elas (Ler o livro: “A Peculiaridade, A Generalidade e o Sentido Prático da Vida da Igreja”, W. Lee). O grande problema hoje é que existe a tendência humana em aumentar os itens inerente a peculiaridade e diminuir os itens relacionados a generalidade. Os homens possuem a tendência natural e humana de aumentar os elementos que dizem respeito a fé comum de acordo com os seus pontos de vistas doutrinários, e enfatizar questões não essenciais. A carne possui a tendência em ser mais peculiar em relação a outros indivíduos e gradualmente menos geral!

Quando olhamos para 1 Co 12 vemos que o Senhor fala de um Corpo, e que este corpo é rico em diversidade “Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?” (1 Co 12:17). No corpo de Cristo os membros são diferentes, por isso, não temos duas pernas esquerdas ou duas pernas direitas, e no Corpo de Cristo é da mesma forma, concluímos que o corpo humano possui membros que têm certas diferenças. No livro de Efésios o Senhor nos fala que "Para que a multiforme sabedoria de Deus seja agora dada a conhecer por meio da igreja aos principados e potestades nos lugares celestiais" (Efésios 3:10), quer dizer, Deus manifesta na igreja sua multiforme sabedoria, ou as várias formas da sua sabedoria. E, desta maneira, Deus expressa a Unidade e Unanimidade através da diversidade da riqueza de Cristo nos membros!. A Diversidade/diferença dos membros é para a Unidade e Unanimidade. Chegar a unidade da fé não é fruto de concordância exterior sobre algum assunto, ou acordos doutrinários, mas do trabalhar interior do Espírito Santo! No final das contas, as nossas diferenças no Corpo são para que a Unidade e Unanimidade do próprio Corpo de Cristo sejam preservadas. Nunca pode ser resultado de tentar criar/fabricar Unidade e Unanimidade artificialmente pura e simplesmente promovendo práticas exteriores, mas é resultado de um fluir interior do rio da água da vida! E é exatamente neste ponto que a Diversidade existente no Corpo de Cristo assusta a Uniformização da unidade baseada em práticas exteriores, pois estas últimas são os recursos humanos usados em vários grupos de irmãos para se alcançar a Unanimidade de Fp 1:1-2.

A unidade genuína não é fruto da mera união, a unidade espiritual na igreja nunca jamais pode ser fabricada através dos métodos exteriores de tentar criá-la lendo os mesmos livros, ou praticando as mesma coisas. Até podemos praticar as mesmas coisas e ler os mesmos livros, desde que tenhamos a realidade no Corpo do que estamos fazendo! Porque Unidade e Uniformidade baseada em práticas exteriores são questões bem diferentes. Conforme Efésios 4 existe uma diferença clara entre Unidade do Espírito e Unidade da Fé. A Unidade do Espírito do versículo 3 de Efésios é alcançada na regeneração! E é algo que cultivamos no nosso espírito humano no momento em que recebemos o Espírito de Deus, e a Unidade da Fé é alcançada através também do Espírito, mas é resultado do trabalhar do Espírito Santo em nossas almas conforme o versículo 10 de primeira aos Coríntios e Fp 4:2. Quer dizer, está relacionado a Unanimidade de Atos 1:14; 2:46; 4:24. A Unidade é do Espírito no nosso espírito, mas a Unanimidade é resultado do trabalhar do Espírito em nossas almas! E assim, poderemos ser conformes a imagem do filho de Deus (Rm 8:29). Destarte, não teremos problemas para ter comunhão com os santos que estão em suas unidades particulares/privadas nos diversos grupos cristão espalhados pelo globo terrestre, pois, recebemos os que o Senhor, recebe e acolhemos os que o Senhor acolhe (Rm14:3). Porque, compreendemos que embora exista uma clara diferença entre estar no corpo e ter a realidade do corpo de Cristo, não devemos considerar os santos que não possuem esta realidade sejam menos especiais do que aqueles que julgamos tê-la alcançado ou que estão alcançando.

Em Mt 9:14-17 os discípulos de João interpelaram o Senhor sobre a prática de jejuar que tinham, mas os discípulos de Jesus não jejuavam. E o Senhor respondeu que no período em que o noivo (Jesus) se encontrava com eles não precisavam jejuar, e que “Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompe-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas, põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam” (v.17). O vinho era guardado nos odres. Que eram confeccinados normalmente de pele de cabra (embora pudesse ser de outro animal) que após ser morto, removia-se a carne e os ossos deixando seu couro intacto. Então, depois de devidamente tratado, ele era usado como recipiente para líquidos, inclusive o vinho. Os odres novos eram bastante maleáveis e elásticos. Com o passar do tempo eles se ressecavam e se submetidos a uma nova pressão rompiam-se. No que se referia ao armazenamento do vinho a não observância desta regra levava ao rompimento do odre e a conseqüência perda do vinho. Por conseguinte, Jesus disse que “vinho novo deve ser posto em odres novos e ambos se conservam” (v,17). Destarte O Vinho dá a forma necessaria ao Odre! O vinho é vida divina de Cristo, e devemos também reconheçer que precisamos do odre (forma exterior da igreja) para beber o vinho, mas é um erro enfatizar práticas exteriores para se obter a realidade interior da igreja! Por isso, a prática genuína da vida da igreja deve ser resultado do fluir da vida divina que dá a forma necessária ao odre, e não resultado do mimetismo que meramente está focado em fabricar unidade de maneira artificial fazendo um CTRL+C (Copiar) e CTRL+V (Colar) de práticas exteriores que estão "dando certo" em certas localidade para se auferir a realidade interior da igreja. Quanto mais buscamos a realidade do Corpo de Cristo passamos a discernir o que é prático (prática da vida da igreja que é resultado do fluir do Espírito), do que é plástico (prática artificial usada para se viver a vida da igreja de maneira uniformizada, mas sem realidade do que é o Corpo de Cristo, e preocupada tão somente em manter uma fidelidade ministerial específica).

Kleydson Feio

REFERÊNCIA BIBLIOGÁFICA:
1- A Bíblia, pois é o livro mais importante e precioso de toda a minha vida!
2- A Peculiaridade, a Generalidade, e o sentido prático da Vida da Igreja, W. Lee
3- Estudo-Vida de Efésios, W. Lee
4- Estudo-Vida de Filipenses, W. Lee
5- Estudo-Vida de Romanos, W. Lee
6- The Life and way for the Practice of the Church Life, W. Lee