segunda-feira, 13 de abril de 2009

Nee e Lee não tinham uma Matriz Ministerial

Prezados Santos;
A primeira carta abaixo é da irmã Ruth Lee que levanta vários entraves existentes nas igrejas locais de sua época. A segunda, é a resposta a carta da irmã Ruth Lee dada pelos irmãos W. Nee e W. Lee. O texto abaixo é interessante para comunhão em grupo sobre questões práticas do relacionamento da Obra do Ministério de W. Nee e W. Lee e as igrejas locais. A carta está na Biografia de W. Nee escrita pelo irmão Lee (páginas 349-354 publicadas pela editora Árvore da Vida). W. Nee convidou o irmão Lee para assinar com ele a resposta a irmã Ruth Lee, e na carta eles dizem que a obra deles não era uma Matriz Ministerial (inclusive em relação a questões relacionadas ao partir do pão na localidade). E que quanto as igrejas locais eles não OUSAVAM se declarar a igreja nos diversos lugares, apenas se colocavam na posição de igreja, embora compreendessem a realidade espiritual da prática da vida da igreja na cidade/localidade.
Kleydson Feio


1° Parte: Comentário de Witness Lee


Nesse mesmo período, enquanto viajava para o sul, a irmã Ruth Lee escreveu uma carta para Watchman e para mim, falando sobre a igreja. Watchman pediu-me para publicá-la no número dez da Coletânea de Informativos, com o seu comentário, os quais reproduzo a seguir:


13 de julho de 1934.

A carta a seguir foi escrita ao irmão Witness e a mim, pela irmã Lee, enquanto viajava e trabalhava no sul da China. Ela solicitou especificamente que não a publicássemos na Coletânea de Informativos porque contraria a posição do véu uma irmã falar sobre assuntos da igreja. Mas sentindo que sua carta é proveitosa para os crentes em cada cidade, nós a publicamos. O irmão Lee e eu assumimos a total responsabilidade pelo seu conteúdo de tudo o que se referir a ela.
A Carta de Ruth Lee diz o seguinte:


2° Parte: Carta da irmã Ruth Lee


Amados irmãos Watchman e Witness,
...Toda obra deve passar pelo fogo para provar seu valor. Que poderá fazer alguém separado do Senhor?
Desta vez, tenho muito que agradecer ao Senhor pelas comunhões pessoais com os irmãos e irmãs e pelo que tenho ouvido em diversos lugares. Entretanto, ainda tenho alguns temores e suspiros. A maioria dos irmãos e irmãos em Swatow são como uma folha de papel em branco – tudo o que é necessário é uma boa escrita. Eles são também como uma porção de terra boa – tudo o que necessitam é de uma semeadura adequada. No período de um ano, aproximadamente vinte irmãos e quarenta a cinqüenta irmãs começaram a reunir-se, sem contar aqueles que apenas vêm para as mensagens. As irmãs em Taishan laboram incessantemente e oferecem o melhor de sua capacidade. Estes são bons sinais.

Eu gostaria que a partir de hoje os irmãos atentassem para os seguintes assuntos:
1) Se os irmãos em determinada cidade desejam ter o partir do pão, eles deveriam pelo menos saber o que é a igreja e qual o significado da mesa do Senhor. Se alguns pensam que, simplesmente por não terem nenhum nome, não são uma divisão, mas ainda em muitas atividades são outra forma de divisão, e se eles consideram que somente eles são a igreja e são melhores de que qualquer pessoa, esses, inevitavelmente tornar-se-ão a pior divisão.

2) Os irmãos numa cidade que carecem de dons devem procurar empregos adequados e servir a Deus com o seu trabalho. Outrossim, eles simplesmente tornam-se pregadores mortos sentados em suas paróquias, onde nem os pecadores são salvos nem os irmãos e irmãs crescem em vida. Conseqüentemente, o lugar é cheio de morte espiritual. Podemos ignorar qualquer escárnio da denominações, mas e quanto ao nosso testemunho? Se em um lugar não há um obreiro, é melhor que os irmão e irmãs orem fervorosamente, lembrem-se do Senhor e dêem testemunhos pessoais. Não é necessário aderir a uma forma denominacional. Se um irmão ou irmã diz ser chamado pelo Senhor e não é dotado, aos olhos dos outros esse chamamento é questionável. O problema com esse tipo de obreiro é que ele ou é presunçoso ou é preguiçoso. Às vezes também surgem problemas quanto ao suprimento material – os que são puros podem sofrer dificuldades, enquanto os outros fazem da piedade um meio de lucro.

3) Se um irmão ou irmã é dotado, é melhor que ele ou ela sirva a Deus de acordo com o que tem. Qualquer pessoa que ultrapassar seu dom enquanto ministra, inevitavelmente cairá em erro ou será irreal.

4) Ainda que estejamos do lado “certo”, seria melhor que nossas mensagens enfatizassem o que está na Bíblia, sem dizer explicitamente que esta ou aquela denominação está certa ou errada. Devemos fazer com que todo aquele que busca, depois de ouvir a verdade e perceber o erro em que se encontra, almeje pagar o preço para seguir a Palavra. Evitemos discussões sobre pontos secundários. Dividir-se por causa de interpretação diferente da Bíblia não é a maneira dos Irmãos Unidos? Cada vez mais sinto que, toda vez que partimos o pão, embora nossos olhos possam ver apenas um certo número de irmãos e irmãs, todavia pelo pão, o que realmente vemos são todos os salvos. Se não for assim, o testemunho de Efésios 1:23 é perdido.

5) Quanto a autoridade de uma igreja local está nas mãos das irmãs e elas não tem clareza, então os irmãos devem adveti-las francamente a esse respeito. Mas se as irmãs recusarem-se intencionalmente a se colocarem na posição adequada, os irmãos, então, não terão uma base ali. Entretanto, há alguns lugares onde as irmãs são muito boas, ao passo que os irmãos são velhos, formais e mortos. Em tais casos, é necessário que um irmão que tenha luz trate com tais irmãos. Se os irmãos não quiserem ouvir, então, não se pode culpar as irmãs por se desviarem ou se desarticularem. Em casos assim, os irmãos ainda são uma divisão, apenas com o acréscimo da palavra “livre”. É desculpável estar em tal situação se a pessoa não tiver clareza, mas se for desobediente depois de esclarecida, então, é uma questão de motivação.

O motivo de eu ter falado tanto não é que os irmãos em Xangai tenham alguma autoridade especial; apenas espero que naquilo que vocês falarem ou escreverem, atentem para estes aspectos. Sou uma irmã, e nesta carta estou apenas conversando com vocês como um membro da família, relatando-lhes estes assuntos.
Os irmãos em Swatow estão queimando pelo evangelho, pregando duas vezes por semana, cada vez com dois irmãos responsáveis. Serei honesta em dizer que os irmãos em Xangai estão aquém nesta questão.

Peço verdadeiramente ao Senhor que supra a obra e as necessidades dos obreiros em cada uma dessas cidades. Recentemente muitos irmãos e irmãs em muitas cidades estavam desempregados, enquanto a maioria dos demais tinham apenas empregos medianos. Embora muitos irmãos e irmãs tenham-se esforçado ao máximo, ainda há uma carência para a obra e para os obreiros. Por um lado, os obreiros nunca deveriam falar aos irmãos e irmãs, direta ou indiretamente, a respeito das suas necessidades, dando indiretas ou falando por meio de outros. Mas, por outro lado, freqüentemente, alguns irmãos e irmãs ou consideram obreiro responsável um homem rico ou importam-se apenas com a obra e não com o obreiro. Digo isso não porque eu tenha uma necessidade, mas por causa da minha observação.

Perdoem-me por falar tantos assuntos.

A paz do Senhor!

Sinceramente,

Ruth Lee
Saudações a todos os irmãos e irmãs em Xangai.



3° Parte: Comentário de Witness Lee e resposta a Carta da Irmã Ruth Lee

No mesmo verão, Watchman Nee escreveu Algumas Palavras dos irmãos Responsáveis e pediu-me para assinar com ele e publicar no número dez da Coletânea de Informativos. O texto é o seguinte:

A Coletânea de Informativos é uma publicação para a circulação e notícias dentro da família. Absolutamente não é para o público e está disponível apenas para os irmãos que caminham conosco. Nós a enviamos para você porque cremos que você está em comunhão conosco e compartilha da responsabilidade de intercessão pelos assuntos contidos nela. Nós a enviamos para você porque cremos que não irá divulgá-la às pessoas comuns que estão “fora do círculo”, mas invocará a Deus por ela “no interior do véu”!

Cremos também que você entende que nosso trabalho é espiritual e nossa ênfase é a vida. Está claro para nós que Deus quer que manifestemos a vida de Cristo nas igrejas locais. Portanto, a realidade do nosso trabalho é a vida de Cristo, e a expressão exterior de nossa obra é a igreja em uma cidade. No tempo presente, quando a igreja exterior está desolada, não temos a menor intenção de começar um novo “movimento”, “grupo”, “organização” ou “denominação”. Nem mesmo ousamos chamar-nos a igreja em diversos lugares. Apenas nos colocamos na posição de igreja na cidade. Esta publicação portanto, leva as notícias da assembléias que estão na posição de igreja em cada cidade. Quanto ao seu conteúdo, não há nada a não ser Cristo.

Não temos nenhuma matriz. Quanto às cidades, não temos o poder de controlar qualquer delas nem o direito de interferir em quaisquer de suas atividades. Tudo o que elas têm receberam de seu Cabeça, o Senhor Jesus. A comunhão da oração e o direcionamento de diversos assuntos são todos mútuos. Tal oração e direcionamento surgem por causa da necessidade e por meio de o Senhor nos fortalecer. As respostas a todas as questões são espirituais, não oficiais, e sua fonte é dom e não posição. Não desejamos ser os “Diótrefes” entre os filhos de Deus nem tornar-nos o grupo dos nicolaítas.

Todos os irmãos que saem para a obra são enviados pelo Senhor. Somos cooperadores deles. Esperamos que você possa carregar alguma responsabilidade espiritual conosco.
Watchman Nee
Witness Lee

“O Centro determina a circunferência” W. Nee
“Sempre que um líder em especial, ou uma doutrina específica, ou alguma experiência, ou um credo, ou uma organização torna-se um centro que atrai cristãos de diferentes lugares, então, visto que o centro de tal federação de igrejas não é Cristo, acontece que sua esfera, ou circunferência, será algo mais do que local. E sempre que a esfera divinamente designada da localidade é substituída por uma esfera de invenção humana, a aprovação divina não pode ali repousar. Os cristãos em tal esfera podem de fato amar ao Senhor, mas eles têm outro centro que não é Ele, e é mais que natural que o segundo
centro se torne o centro controlador. É contrário à natureza humana ressaltar o que temos em comum com outros; sempre enfatizamos o que é nosso em particular. Cristo é o centro comum de todas as igrejas, mas qualquer grupo de cristãos que tenha um líder, uma doutrina, uma experiência, um credo ou uma organização como seu centro de comunhão, descobrirá que esse centro se torna o
centro, e é esse o centro pelo qual eles determinam quem pertence a eles e quem não pertence. O centro sempre determina a circunferência, a esfera, e o segundo centro cria uma esfera que divide os que se ligam a ele dos que não se ligam.
Tudo o que se torna um centro unificador dos cristãos de vários lugares criará uma esfera que inclui todos os cristãos que se ligam a esse centro e exclui todos os que a ele não se ligam. (...)” (Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida.2003. p.102).
Referência Bibliografia:
1- Watchman Nee. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 2003. p.102
2- Witness Lee. Biografia de Watchman Nee. SP:Ed Árvore da Vida. 2003. p. 349-354.